O filme A Baleia, indicado a três categorias do Oscar e que acaba de ter seu protagonista eleito Melhor Ator na premiação, tem pautado uma discussão importante no mundo.
Com atuação comovente de Brendan Fraser, ele mesmo um homem que já passou por desafios como depressão, obesidade, agressão sexual e ficou mais de 20 anos afastado de Hollywood, o filme divide opiniões, mas tem sua importância inquestionável no debate que levanta. Charlie, o protagonista, é um homem solitário que pesa 270kg. Ele vive recluso e dá aulas de redação à distância, sempre com a câmera desligada. Resta apenas uma amiga na vida de Charlie, um pai que tenta desesperadamente se reconciliar com a filha antes de morrer.
Em A Baleia vemos que o obeso não sofre apenas com as consequências físicas da doença, mas com as questões emocionais, fruto do preconceito e estigma que muitas vezes levam o doente à segregação. Como médica entendo que tratar o peso do estigma é ainda mais desafiador do que o peso corporal. Existem tratamentos eficazes para a obesidade, mas o estigma faz com que as pessoas neguem sua presença e o preconceito ajuda a inviabilizar o obeso, e assim o problema segue sem solução. Expô-lo é o grande mérito do filme. Como um problema de saúde pública, é preciso encará-lo de frente. Individualmente, cada pessoa merece respeito e tratamento adequado.